Doenças raras, drogas órfãs e as políticas para avaliação e incorporação de tecnologias nos sistemas de saúde

Carregando...
Imagem de Miniatura
Citações na Scopus
8
Tipo de produção
article
Data de publicação
2019
Título da Revista
ISSN da Revista
Título do Volume
Editora
Programa de Pós-Graduação em Sociologia - UFRGS
Citação
SOCIOLOGIAS, v.21, n.51, p.332-364, 2019
Projetos de Pesquisa
Unidades Organizacionais
Fascículo
Resumo
Abstract This work discusses the problem of rare diseases and orphan drugs in the context of the medical science and practice, especially regarding the technological development, innovation, evaluation and incorporation of technologies in health systems and their impacts on theory, practices and policies on Health Technology Assessment (HTA). A thematic review of scientific literature was conducted involving the areas of Medicine, Sociology of Medicine, Health Science and Technology and Public Health, in order to provide an interdisciplinary approach to the issue. The study focuses on rare diseases caused by genetic mutations, as they are paradigmatic for understanding the challenges posed to the medical field. Since the 1970s, changes have occurred in Medicine, in the ways of diagnosing, classifying and studying such diseases, from clinical, laboratorial and epidemiological perspectives, as well as in the development of technologies for prevention and intervention. As of 1970, HTA has developed as an area of knowledge and practice aimed at contributing to the scientific and institutional foundations of innovation policies in health systems. Countries have been facing challenges to the sustainability of their health systems, which stem from scientific and technological development and medical innovations, economic and political power of corporations, increased expectations, aging populations and political and social inequalities. Discourses carrying disparate scientific, technological and political views on medicine and health policies coexist, posing difficulties to dialogue. Meanwhile, society, marginalized from the world of specialists, faces many problems in understanding such discourses, being heard and participating in the construction of new perspectives on health and disease that offer answers to their problems.
Resumo O texto se propõe a discutir o problema das doenças raras e drogas órfãs no contexto da ciência e da prática médica, sobretudo no que se refere ao desenvolvimento tecnológico produzido nesse âmbito, e ao processo de avaliação e incorporação de tecnologias nos sistemas de saúde. Esses processos têm gerado impactos importantes sobre a teoria, prática e políticas da Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS). Desenvolveu-se um estudo teórico, baseado em revisão de literatura das áreas da Medicina, Sociologia da Medicina, Ciência e Tecnologia em Saúde e Saúde Coletiva, com o objetivo de discutir esta questão a partir de uma abordagem interdisciplinar. Entre as doenças raras, foram privilegiadas aquelas decorrentes de alterações genéticas, por constituírem casos paradigmáticos para a compreensão dos desafios implicados à Medicina. A partir dos anos 1970, ocorreram mudanças significativas nas formas de diagnosticar, classificar e conhecer essas doenças, nas perspectivas clínica, laboratorial e epidemiológica, bem como nas propostas de tecnologias de prevenção e intervenção desenvolvidas. A ATS desenvolveu-se a partir de 1970 como uma área de conhecimentos e práticas, visando contribuir para o embasamento científico e institucional das políticas de inovação nos sistemas de saúde. Os países têm enfrentado desafios relacionados à sustentabilidade dos seus sistemas de saúde, impulsionados pelo desenvolvimento científico e tecnológico e inovações médicas, pelo poder econômico e político das indústrias, por expectativas aumentadas, populações envelhecidas e desigualdades políticas e sociais. Discursos que expressam diferentes visões científica, tecnológica e política na medicina e nas políticas de saúde colocam dificuldades para o diálogo. Enquanto isso, a sociedade, marginalizada do mundo dos especialistas, enfrenta muitos problemas em compreender, fazer-se ouvir e participar da construção de novas perspectivas sobre a saúde e a doença, que respondam aos seus problemas.
Palavras-chave
Health Technology Assessment, Health policies, Sociology of health, Genome, Biotechnology, Avaliação de Tecnologias em Saúde, Políticas de Saúde, Sociologia da saúde, Genoma, Biotecnologia
Referências
  1. Adams DR, 2018, NEW ENGL J MED, V379, P1353, DOI 10.1056/NEJMra1711801
  2. Angelis A, 2018, EUR J HEALTH ECON, V19, P123, DOI 10.1007/s10198-017-0871-0
  3. Angelis A, 2017, SOC SCI MED, V188, P137, DOI 10.1016/j.socscimed.2017.06.024
  4. Anglaret X, 1997, Sante, V7, P89
  5. [Anonymous], 2018, LANCET, V392, P253, DOI 10.1016/S0140-6736(18)31653-2
  6. [Anonymous], 2018, DECIBEL
  7. ARNOLD Renée J., 2015, F1000Res, V4
  8. Austin CP, 2018, CTS-CLIN TRANSL SCI, V11, P21, DOI 10.1111/cts.12500
  9. Azie N, 2012, CLIN PHARMACOL THER, V92, P135, DOI 10.1038/clpt.2012.97
  10. Baicker K, 2017, NEW ENGL J MED, V377, P2413, DOI 10.1056/NEJMp1709816
  11. Baltimore D, 2015, SCIENCE, V348, P36, DOI 10.1126/science.aab1028
  12. Baltussen R, 2017, VALUE HEALTH, V20, P256, DOI 10.1016/j.jval.2016.11.019
  13. Banta D, 2009, INT J TECHNOL ASSESS, V25, P255, DOI 10.1017/S0266462309090722
  14. Bates AW, 2005, SOC HIST MED, V18, P141, DOI 10.1093/sochis/hki029
  15. Beitz CR, 2001, AM POLIT SCI REV, V95, P269, DOI 10.1017/S0003055401002015
  16. Benoit C, 2017, INT J TECHNOL ASSESS, V33, P128, DOI 10.1017/S0266462317000186
  17. Boycott KM, 2018, NAT REV DRUG DISCOV, V17, P151, DOI 10.1038/nrd.2017.246
  18. Boycott KM, 2013, NAT REV GENET, V14, P681, DOI 10.1038/nrg3555
  19. CABRAL Bernardo P., 2018, Relatórios de pesquisa
  20. CAMARGO Kenneth R., 2018, Cad Saúde Pública, V34
  21. Canguilhem G., 2009, O normal e o patológico
  22. Collins FS, 2018, NEW ENGL J MED, V379, P1393, DOI 10.1056/NEJMp1810628
  23. COOLEY Dennis R., 2016, Ethics, Medicine and Public Health, V2, P329
  24. Cote A, 2012, VALUE HEALTH, V15, P1185, DOI 10.1016/j.jval.2012.09.004
  25. Delaporte F, 1989, Histoire de la fièvre jaune
  26. Drummond M, 2013, J HEALTH POLIT POLIC, V38, P1081, DOI 10.1215/03616878-2373148
  27. Drummond MF, 2007, INT J TECHNOL ASSESS, V23, P36, DOI 10.1017/S0266462307051550
  28. Novaes Hillegonda Maria Dutilh, 2006, Rev. Saúde Pública, V40, P133, DOI 10.1590/S0034-89102006000400018
  29. Fallin MD, 2016, AM J EPIDEMIOL, V183, P387, DOI 10.1093/aje/kww001
  30. FOUCAULT M, 2004, O Nascimento da Clínica
  31. Gammie T, 2015, PLOS ONE, V10, DOI 10.1371/journal.pone.0140002
  32. Gauvin FP, 2010, SOC SCI MED, V70, P1518, DOI 10.1016/j.socscimed.2010.01.036
  33. GROS François, 1993, Regard sur la biologie contemporaine
  34. HADJIVASILIOU Andreas, 2017, Orphan drug report
  35. Huber Evelyne, 2018, Ciênc. saúde coletiva, V23, P2085, DOI 10.1590/1413-81232018237.07752018
  36. Jasanoff S, 2015, ISSUES SCI TECHNOL, V32, P25
  37. KEVLES Daniel J., 1992, Scientific and social issues in the Human Genome Project
  38. McCabe C, 2010, ADV EXP MED BIOL, V686, P211, DOI 10.1007/978-90-481-9485-8_13
  39. Meekings KN, 2012, DRUG DISCOV TODAY, V17, P660, DOI 10.1016/j.drudis.2012.02.005
  40. Melnikova I, 2012, NAT REV DRUG DISCOV, V11, P267, DOI 10.1038/nrd3654
  41. Morel T, 2016, NAT REV DRUG DISCOV, V15, P376, DOI 10.1038/nrd.2016.96
  42. Nestler-Parr S, 2018, VALUE HEALTH, V21, P493, DOI 10.1016/j.jval.2018.03.004
  43. NICOD Elena, 2017, Health Policy
  44. NOVAES Hillegonda M. D., 2015, Saúde, desenvolvimento e inovação, V2, P327
  45. Novaes HMD, 2016, CAD SAUDE PUBLICA, V32
  46. NOVAES Ricardo Lafeta, 1997, SAUDE DEMOCRACIA LUT, P205
  47. Moreira MCN, 2018, CAD SAUDE PUBLICA, V34, DOI 10.1590/0102-311X00075718
  48. Paulden M, 2015, PHARMACOECONOMICS, V33, P255, DOI 10.1007/s40273-014-0235-x
  49. Phelan JC, 2013, AM SOCIOL REV, V78, P167, DOI 10.1177/0003122413476034
  50. Phillips KA, 2018, VALUE HEALTH, V21, P1033, DOI 10.1016/j.jval.2018.06.017
  51. Phillips MI, 2012, CLIN PHARMACOL THER, V92, P182, DOI 10.1038/clpt.2012.82
  52. Pogue RE, 2018, DRUG DISCOV TODAY, V23, P187, DOI 10.1016/j.drudis.2017.11.002
  53. Priest JR, 2017, CURR OPIN PEDIATR, V29, P513, DOI 10.1097/MOP.0000000000000532
  54. Rodwell C, 2015, BBA-MOL BASIS DIS, V1852, P2329, DOI 10.1016/j.bbadis.2015.02.008
  55. Schlander Michael, 2016, J Mark Access Health Policy, V4, DOI 10.3402/jmahp.v4.33039
  56. SCHULZ KF, 1995, JAMA-J AM MED ASSOC, V273, P408, DOI 10.1001/jama.273.5.408
  57. Scliar Moacyr, 2007, Physis, V17, P29, DOI 10.1590/S0103-73312007000100003
  58. Stilgoe J, 2013, RES POLICY, V42, P1568, DOI 10.1016/j.respol.2013.05.008
  59. Sussex J, 2013, VALUE HEALTH, V16, P1163, DOI 10.1016/j.jval.2013.10.002
  60. Tebani A, 2016, INT J MOL SCI, V17, DOI 10.3390/ijms17091555
  61. ter Meulen R, 2016, THEOR MED BIOETH, V37, P517, DOI 10.1007/s11017-016-9387-3
  62. Thokala P, 2016, VALUE HEALTH, V19, P1, DOI 10.1016/j.jval.2015.12.003
  63. Torbica A, 2018, EUR J HEALTH ECON, V19, P769, DOI 10.1007/s10198-017-0943-1
  64. van Karnebeek CDM, 2018, J INHERIT METAB DIS, V41, P571, DOI 10.1007/s10545-017-0128-1
  65. Ventura Miriam, 2010, Physis, V20, P77, DOI 10.1590/S0103-73312010000100006
  66. Wagner M, 2016, PHARMACOECONOMICS, V34, P285, DOI 10.1007/s40273-015-0340-5
  67. Wellman-Labadie O, 2010, HEALTH POLICY, V95, P216, DOI 10.1016/j.healthpol.2009.12.001
  68. Zalta EdwardN., 2018, STANFORD ENCY PHILOS
  69. 2014, EMA-HTA workshop: bringing together stakeholders for early dialogue in medicines development
  70. 2015, Priorização de Protocolos e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras
  71. 2017, Resolução nº 563, de 10 de novembro de 2017