Autoanticorpos em esclerose sistêmica e sua correlação com as manifestações clínicas da doença em pacientes do Centro-Oeste do Brasil
Carregando...
Citações na Scopus
4
Tipo de produção
article
Data de publicação
2015
Título da Revista
ISSN da Revista
Título do Volume
Editora
Sociedade Brasileira de Reumatologia
Autores
COELHO HORIMOTO, Alex Magno
Citação
REVISTA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA, v.55, n.3, p.229-239, 2015
Resumo
Introduction: Systemic sclerosis (SSc) is a connective tissue disease of autoimmune nature characterized by the triad of vascular injury, autoimmunity (cellular and humoral) and tissue fibrosis. Autoantibodies do not seem to be simply epiphenomena, but are involved in disease pathogenesis. It is believed that the SSc-specific autoantibodies are responsible both for amplifying immune response and targeting cell types that are relevant in the pathophysiology of SSc. Objectives: To correlate the profile of the following specific autoantibodies: anti-centromere (ACA), anti-topoisomerase I (topo I) and anti-RNA polymerase III (RNAP III) with clinical and laboratory manifestations were observed in 46 patients with SSc in the Midwest region of Brazil. Methods: The occurrence of specific autoantibodies in 46 patients with SSc was investigated, correlating the type of autoantibody with clinical and laboratory manifestations found. Results: Among all patients evaluated, we found a predominance of females (97.8%), mean age 50.21 years old, Caucasian (50%), limited cutaneous SSc (47.8%), time of diagnosis between 5 and 10 years (50%), and disease duration of 9.38 years. According to the specific autoantibody profile, 24 patients were ACA-positive (52.2%), 15 were positive for anti-topo I (32.6%), and 7 showed positive anti-RNAP III (15.2%). The anti-topo I autoantibody correlated with diffuse scleroderma, with greater disease severity and activity, with worse quality of life measured by the SHAQ index, with a higher prevalence of objective Raynaud's phenomenon and digital pitting scars of fingertips. The ACA correlated with limited scleroderma, with earlier onset of disease, as well as higher prevalence of telangiectasias. The anti-RNAP III correlated with diffuse scleroderma, with a higher occurrence of subjective Raynaud's phenomenon and muscle atrophy. There was no association between the positivity for anti-topo I, ACA and anti-RNAP III antibodies and other variables related to laboratory abnormalities, as well as Rodnan skin score and skin, vascular, musculoskeletal, gastrointestinal, cardiopulmonary and renal manifestations. Conclusions: The clinical subtype of the disease and some clinical manifestations in SSc may correlate positively with the presence of specific autoantibodies.
Introdução: a esclerose sistêmica (ES) é uma enfermidade do tecido conjuntivo de caráter autoimune caracterizada pela tríade de injúria vascular, autoimunidade (celular e humoral) e fibrose tecidual. Os autoanticorpos não parecem ser simplesmente epifenômenos, mas sim estarem envolvidos na patogênese da doença. Acredita-se que os autoanticorpos específicos da ES são responsáveis tanto pela amplificação da resposta imune quanto por alvejar os tipos celulares que são relevantes na fisiopatologia da ES. Objetivos: correlacionar o perfil de autoanticorpos específicos (anti-SCL70, ACA, anti-POL3) com as manifestações clínicas e laboratoriais observadas em 46 pacientes com ES da região Centro-Oeste do Brasil. Métodos: pesquisou-se a ocorrência de autoanticorpos específicos em 46 pacientes com diagnóstico de ES e correlacionou-se o tipo de autoanticorpo com as manifestações clínicas e laboratoriais encontradas. Resultados: dentre todos os pacientes avaliados, encontrou-se predomínio feminino (97,8%), idade média de 50,21 anos, cor branca (50%), forma limitada da doença (47,8%), tempo de diagnóstico entre cinco e 10 anos (50%) e tempo de evolução da doença de 9,38 anos. De acordo com o autoanticorpo específico, 24 pacientes apresentavam ACA positivo (52,2%), 15 apresentavam positividade para anti-SCL70 (32,6%) e sete apresentavam anti-POL3 positivo (15,2%). O autoanticorpo anti-SCL70 se correlacionou com a forma difusa da doença, com maior gravidade e atividade da doença, com pior qualidade de vida medida pelo índice HAQ, com maior prevalência de fenômeno de Raynaud objetivo e microcicatrizes de polpas digitais. O ACA se correlacionou com a forma limitada da doença, com o início mais precoce da enfermidade, bem como com maior prevalência de telangiectasias nos pacientes. Já o anti-POL3 se correlacionou com a forma difusa da doença, com maior ocorrência de fenômeno de Raynaud subjetivo e de atrofia muscular. Para as demais variáveis relacionadas às alterações laboratoriais, bem como em relação ao escore cutâneo de Rodnan e às manifestações cutâneas, vasculares, musculoesqueléticas, gastrintestinais, cardiopulmonares e renais, não houve associação entre elas e a positividade para os anticorpos anti-SCL70, ACA e anti-POL3. Conclusões: a forma clínica da doença e algumas manifestações clínicas na ES podem se correlacionar positivamente com a presença de autoanticorpos específicos.
Introdução: a esclerose sistêmica (ES) é uma enfermidade do tecido conjuntivo de caráter autoimune caracterizada pela tríade de injúria vascular, autoimunidade (celular e humoral) e fibrose tecidual. Os autoanticorpos não parecem ser simplesmente epifenômenos, mas sim estarem envolvidos na patogênese da doença. Acredita-se que os autoanticorpos específicos da ES são responsáveis tanto pela amplificação da resposta imune quanto por alvejar os tipos celulares que são relevantes na fisiopatologia da ES. Objetivos: correlacionar o perfil de autoanticorpos específicos (anti-SCL70, ACA, anti-POL3) com as manifestações clínicas e laboratoriais observadas em 46 pacientes com ES da região Centro-Oeste do Brasil. Métodos: pesquisou-se a ocorrência de autoanticorpos específicos em 46 pacientes com diagnóstico de ES e correlacionou-se o tipo de autoanticorpo com as manifestações clínicas e laboratoriais encontradas. Resultados: dentre todos os pacientes avaliados, encontrou-se predomínio feminino (97,8%), idade média de 50,21 anos, cor branca (50%), forma limitada da doença (47,8%), tempo de diagnóstico entre cinco e 10 anos (50%) e tempo de evolução da doença de 9,38 anos. De acordo com o autoanticorpo específico, 24 pacientes apresentavam ACA positivo (52,2%), 15 apresentavam positividade para anti-SCL70 (32,6%) e sete apresentavam anti-POL3 positivo (15,2%). O autoanticorpo anti-SCL70 se correlacionou com a forma difusa da doença, com maior gravidade e atividade da doença, com pior qualidade de vida medida pelo índice HAQ, com maior prevalência de fenômeno de Raynaud objetivo e microcicatrizes de polpas digitais. O ACA se correlacionou com a forma limitada da doença, com o início mais precoce da enfermidade, bem como com maior prevalência de telangiectasias nos pacientes. Já o anti-POL3 se correlacionou com a forma difusa da doença, com maior ocorrência de fenômeno de Raynaud subjetivo e de atrofia muscular. Para as demais variáveis relacionadas às alterações laboratoriais, bem como em relação ao escore cutâneo de Rodnan e às manifestações cutâneas, vasculares, musculoesqueléticas, gastrintestinais, cardiopulmonares e renais, não houve associação entre elas e a positividade para os anticorpos anti-SCL70, ACA e anti-POL3. Conclusões: a forma clínica da doença e algumas manifestações clínicas na ES podem se correlacionar positivamente com a presença de autoanticorpos específicos.
Palavras-chave
Autoantibodies, Systemic sclerosis, Anti-topoisomerase I, Anti-centromere, Anti-RNA polymerase III, Autoanticorpos, Esclerose sistêmica, Antitopoisomerase I, Anticentrômero, Anti-RNA polimerase III
Referências
- Abraham DJ, 2009, RHEUMATOLOGY, V48, P3, DOI 10.1093/rheumatology/ken481
- Andrade Luís Eduardo Coelho, 2004, Rev. Bras. Reumatol., V44, P215, DOI 10.1590/S0482-50042004000300007
- Baroni SS, 2006, NEW ENGL J MED, V354, P2667
- Beyer C, 2009, ARTHRITIS RES THER, V11, DOI 10.1186/ar2598
- Codullo V, 2007, CLIN EXP RHEUMATOL, V25, P373
- Coral-Alvarado P, 2009, CLIN RHEUMATOL, V28, P757, DOI 10.1007/s10067-009-1144-9
- Danieli E, 2005, CLIN RHEUMATOL, V24, P48, DOI 10.1007/s10067-004-0970-z
- Dellavance Alessandra, 2003, Rev. Bras. Reumatol., V43, P129, DOI 10.1590/S0482-50042003000300002
- Dick T, 2002, ANN RHEUM DIS, V61, P121, DOI 10.1136/ard.61.2.121
- Feghali-Bostwick CA, 2011, AM J RESP CRIT CARE, V183, P692, DOI 10.1164/rccm.201010-1727ED
- Ferri C, 2002, MEDICINE, V81, P139, DOI 10.1097/00005792-200203000-00004
- Freire Eutilia Andrade Medeiros, 2004, Rev. Bras. Reumatol., V44, P40, DOI 10.1590/S0482-50042004000100008
- Gabrielli A, 2007, CURR OPIN IMMUNOL, V19, P640, DOI 10.1016/j.coi.2007.11.004
- Rasco RG, 2010, MED CLIN-BARCELONA, V135, P430, DOI 10.1016/j.medcli.2009.07.006
- Georges C, 2005, CLIN RHEUMATOL, V24, P3, DOI 10.1007/s10067-004-0942-3
- Guidolin Fernanda, 2005, An. Bras. Dermatol., V80, P481, DOI 10.1590/S0365-05962005000600005
- Hamaguchi Y, 2010, J DERMATOL, V37, P42, DOI 10.1111/j.1346-8138.2009.00762.x
- Henault J, 2006, ARTHRITIS RHEUM, V54, P963, DOI 10.1002/art.21646
- Herrick AL, 2002, ARTHRITIS RES, V4, P165, DOI 10.1186/ar402
- Ho KT, 2003, ARTHRITIS RES THER, V5, P80, DOI 10.1186/ar628
- Hu PQ, 2007, J RHEUMATOL, V34, P2243
- Hu PQ, 2003, ARTHRITIS RHEUM, V48, P1363, DOI 10.1002/art.10977
- Hunzelmann N, 2008, RHEUMATOLOGY, V47, P1185, DOI 10.1093/rheumatology/ken179
- Iudici M, 2013, HEALTH QUAL LIFE OUT, V11, DOI 10.1186/1477-7525-11-23
- Kraaij MD, 2008, BIOL-TARGETS THER, V2, P389
- Lafyatis R, 2009, CURR OPIN RHEUMATOL, V21, P617, DOI 10.1097/BOR.0b013e32832fd69e
- LeRoy EC, 2001, J RHEUMATOL, V28, P1573
- Mayers MD, 2007, Arthritis Res Ther., V9
- Medsger TA, 2003, RHEUM DIS CLIN N AM, V29, P255, DOI 10.1016/S0889-857X(03)00023-1
- Morita Y, 2007, CLIN EXP RHEUMATOL, V25, P367
- Mouthon L, 2002, ANN MED INTERNE, V153, P167
- Müller Carolina de Souza, 2011, Rev. Bras. Reumatol., V51, P319, DOI 10.1590/S0482-50042011000400004
- Nikpour M., 2011, ARTHRITIS RES THER, V13
- Pope J, 2011, ARTHRIT CARE RES, V63, pS98, DOI 10.1002/acr.20598
- Rannou F, 2007, ARTHRIT RHEUM-ARTHR, V57, P94, DOI 10.1002/art.22468
- Romano E, 2011, CLIN EXP RHEUMATOL, V29, pS75
- Salojin KV, 1997, AM J MED, V102, P178
- Sampaio-Barros PD, 2012, J RHEUMATOL, V39, P1971, DOI 10.3899/jrheum.111582
- Sato S, 2001, RHEUMATOLOGY, V40, P1135, DOI 10.1093/rheumatology/40.10.1135
- SHARP GC, 1971, J CLIN INVEST, V50, P350, DOI 10.1172/JCI106502
- Skare Thelma Larocca, 2011, An. Bras. Dermatol., V86, P1075, DOI 10.1590/S0365-05962011000600003
- Valentini G, 2003, ANN RHEUM DIS, V62, P904, DOI 10.1136/ard.62.9.904
- Valentini G, 2003, CLIN EXP RHEUMATOL, V21, pS39
- van den Hoogen F, 2013, ANN RHEUM DIS, V72, P1747, DOI 10.1136/annrheumdis-2013-204424
- Vanthuyne M, 2012, J RHEUMATOL, V39, P2127, DOI 10.3899/jrheum.120283
- Varga J, 2007, J CLIN INVEST, V117, P557, DOI 10.1172/JCI31139
- Vilas AP, 2002, MED INTERNA, V9, P111
- Ng X, 2012, INT J RHEUM DIS, V15, P268, DOI 10.1111/j.1756-185X.2012.01731.x
- Zimmermann Adriana Fontes, 2013, Rev. Bras. Reumatol., V53, P516, DOI [10.1016/j.rbre.2013.01.001, 10.1016/j.rbr.2013.01.001]